Programa de resistência às drogas e à violência oferecerá oficinas educativas a mais de 20 mil alunos

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Realizado pela Política Militar (PM) em parceria com a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) e Secretaria Municipal de Educação (Semed) o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd) vai atender, este ano, 21 mil alunos da rede estadual de ensino.

O Proerd tem como objetivo levar aos estudantes, em sala de aula, informações sobre os riscos do uso de drogas. O programa foi criado em 2002 e, nesses dez anos, já atendeu a 300 mil alunos.

A aula inaugural da edição deste ano foi realizada nesta terça-feira, no auditório Deputado Belarmino Lins, na Assembléia Legislativa do Amazonas (ALE-AM). O evento contou com a participação de estudantes da capital do Estado, que vão participar do programa nesse primeiro semestre.

Representando a Seduc no evento, o secretário adjunto de Gestão, Marcelo Campbell, destacou a importância do programa. “O programa é fundamental e temos que fortalecê-lo, dando mais condições para que a PM possa abranger mais alunos. O papel da Seduc é aumentar a parceria para que o programa possa crescer para que a gente possa virar esse jogo contra as drogas”, disse o secretário adjunto.

Em 2013, o Proerd estará em 34 escolas da capital do Amazonas e em mais oito municípios do interior: Manacapuru, Parintins, Carauari, Coari, Iranduba, Urucará, Boca do Acre e Tabatinga.

Coordenador estadual do Proerd desde 2012, o major Audiney destacou na aula inaugural a aceitação do programa ao longo desses dez anos. “É um programa que tem aceitação muito grande. A prova disso é que todos os anos há uma grande procura pelo Proerd pelas comunidades e pelas as escolas”, comentou o militar.

Segundo o major Audiney, o material trabalhado pelos instrutores da PM na sala de aula é elaborado por psicólogos, pedagogos e especialista da área do direito. “O Proerd se desenvolve da seguinte maneira: o policial militar vai à escola, os alunos recebem cartilhas com lições sobre como prevenir o uso de drogas, os malefícios que elas trazem para a saúde, sobre educação familiar, educação doméstica e bullying. Há toda uma conscientização para que o jovem se desenvolva e possa ser um cidadão de bem”, explica o major.

O coordenador estadual do Proerd ressalta que, além de contribuir com a formação dos estudantes, a presença do policial no ambiente escolar inibe a ação de infratores. “Dentro da escola, o policial militar pode afastar aqueles elementos que estejam próximos da escola com o objetivo de vender drogas ou cometer roubos e pequenos furtos. O policial ajuda o gestor, a família, através de palestras e distribuição de material para que as nossas crianças estejam longe das drogas”, comenta o militar.

Audiney explica que o programa em Manaus tem priorizado o atendimento a escolas localizadas em áreas de vulnerabilidade social, mas busca manter-se presente em todas as zonas geográficas da capital. “Procuramos atender as escolas por zona da cidade, aquelas escolas que ainda não foram atendidas pelo programa e que possam está em alguma área de risco”, disse o major.

Gabriel César da Silva, de 9 anos, é morador do bairro Colônia Oliveira Machado, na zona Sul de Manaus. O estudante, que está no 5º ano do ensino fundamental, disse ter consciência do histórico de violência que marca o local onde mora. Por isso, ele afirma ser importante temas como a droga serem tratados dentro da escola dele. “É importante ter prevenção às drogas. Não vi, mas já falaram que há muitos casos de violência e uso de drogas no meu bairro”, declarou Gabriel, aluno da Escola Estadual Roxana Bonessi.

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Estudante Gabriel César da Silva mostra ansiedade em participar das oficinas educativas

Mudança de comportamento

Instrutor do Proerd na escola Roxana Bonessi, o soldado Waltervandro conta que o programa ajuda também a quebrar preconceitos que os estudantes e as comunidades têm sobre o trabalho da PM. “Muitas das vezes, eles (alunos) têm até uma visão deturpada do que é o serviço policial militar. E a partir do momento que ele chega à escola e observa o policial falando sobre o que são as drogas, a violência, os males que isso causa, eles passam a ter uma nova visão da Polícia Militar”, disse Waltervandro.

O instrutor conta que é visível a mudança de comportamento nos estudantes que participam das atividades realizadas pelo Proerd nas escolas. “Quando chegamos à escola, encontramos a criança com uma determinada postura. E quando passamos a realizar o trabalho de prevenção com eles, passamos a ver no comportamento deles uma mudança”, defendeu Waltervandro.

O instrutor do Proerd é um policial militar voluntário. Para trabalhar no programa, o militar tem que passar por um treinamento, que envolve a participação de cursos nas áreas de saúde, educação, psicologia e legislação.

Waltervandro ressalta que o sucesso do programa, além da PM, depende da participação das escolas, dos professores e dos pais. “O Proerd é um triângulo: família, polícia militar e a escola. Sem essas três bases o programa não funciona. É necessário que os instrutores do Proerd tenham o apoio da escola, dos pais que dêem o exemplo para as crianças e claro da PM, que concede o policial para está dentro da sala de aula aplicando o programa”, disse o policial militar.

Ao final do programa, que dura, em média, três meses por turma, são entregues diplomas, camisas e bonés aos alunos, em uma solenidade de formatura, que conta com a participação dos pais, professores e gestores escolares.

Proerd

O Proerd é uma versão do programa norte-americano D.A.R.E (Drug Abuse Resistance Education), desenvolvido pelo Departamento de Política de Los Angeles, em 1983. No Brasil, o programa foi aplicado pela primeira em 1992, pela Política Militar do Rio de Janeiro. Desde 2002 a ação é realizada em todos os Estados do Brasil.

Pedagogicamente, o Proerd é aplicado em lições ministradas obrigatoriamente por um policial militar fardado. Na condição de educador social, o militar trabalha com os alunos, na sala de aula, uma vez por semana.