Pomada cicatrizante formulada a partir de enzima de mamão será apresentada por escola estadual em encontro da SBPC

Professora Valéria Andrade no laboratório escolar direciona o trabalho de pesqiuisa com alunos

A Secretaria de Estado de Educação (Seduc) vai representar o Amazonas na 65ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) com projeto de pesquisa para produção de pomada cicatrizante a partir de uma enzima extraída do mamão e com o Exame Supletivo Eletrônico, pioneiro no País.

A reunião anual da SBPC será realizada de 21 a 26 de julho de 2013, no campus da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em Recife (PE). Nesta edição o tema será “Ciência para o Novo Brasil”. A reunião é um espaço de difusão dos avanços da ciência nas diversas áreas do conhecimento e um fórum de debates de políticas públicas para a ciência e tecnologia.

O projeto para produzir uma pomada para tratar ferimentos causados por queimaduras foi elaborado na escola estadual Ondina de Paula Ribeiro, localizada à rua Jorge Bivagua, no bairro Japiim, Zona Centro-Sul de Manaus. Segundo a professora que conduz o trabalho, Valéria Andrade, a ideia de estudar os efeitos fitoterápicos do mamão partiu dos próprios alunos da unidade de escolar.

Formada em Farmácia e Química, Valéria aceitou o desafio dos alunos, e inscreveu o projeto no Programa Ciência na Escola (PCE). “Iniciamos com pesquisas bibliográficas e encontramos estudos que apontavam mesmo as potencialidades de uma enzima (Papaína) encontrada no mamão na reorganização de células do tecido humano”, conta a professora.

Com a ajuda voluntária de pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), a professora e os alunos avançaram na pesquisa, que hoje se encontra em fase de testes fitoquímicos. “Estamos fazendo a análise para identificarmos a concentração exata para ser aplicada em seres humanos”, explica Valéria. A pesquisadora acredita que até o final deste ano a pesquisa esteja concluída.

Professora Valéria Andrade e estudante Allan Moreira participaram do desenvolvimento do projeto de pesquisa

Professora Valéria Andrade e estudante Allan Moreira participaram do desenvolvimento do projeto de pesquisa

No decorrer dos estudos, Valéria disse que o grupo viu que além da pomada, é possível também produzir o remédio em forma de gel. “Até facilita o tratamento (o uso em gel), pois a pomada, dependendo da gravidade da queimadura, pode causar desconforto ao paciente, por alguma dificuldade de removê-la durante a limpeza do ferimento. O gel não teria esse problema”, disse a professora.

Atualmente, Valéria é professora de nível superior, em uma faculdade particular de Manaus. Por conta disso, ela agora atua na pesquisa como pesquisadora voluntária. Segundo a educadora, durante o período em que lecionou em escolas públicas, sempre procurou trabalhar em laboratórios e aproximar seus alunos da prática.

“Se o professor é capacitado para usar laboratório e tem disposição para usar metodologias que aproximem a prática da teoria, ele tem mais é que explorar isso. Foi o que eu fiz. Fica muito melhor o trabalho e melhora significativamente a compreensão do conteúdo pelos alunos”, ensina a professora.

Valéria disse que os programas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapeam) e a ação da Seduc de manter as escolas informadas sobre os projetos facilitam muito o desenvolvimento de pesquisas dentro das escolas. “Hoje melhorou bastante trabalhar com pesquisa”, elogiou a professora.

O PCE é um programa do Governo do Amazonas realizado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapeam), em parceria com a Secretaria de Estado de Educação (Seduc), Secretaria Municipal de Educação (Semed) e a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti). O trabalho incentiva o desenvolvimento de projetos de pesquisas em escolas públicas com a oferta de recursos financeiros e bolsas a alunos e professores do ensino fundamental e médio.

Allan Marques Moreira, de 18 anos, estudante de Administração, era aluno de Valéria quando o projeto iniciou na escola Ondina de Paula Ribeiro. O jovem conta que sempre gostou de Química. E lembra o quanto ele e outros colegas ficaram empolgados em participar da pesquisa com mamão.

“Eu amo Química, e a professora conseguiu reunir todo mundo e começamos preparar o laboratório da escola para a gente estudar. No início, achei a proposta do projeto um pouco ousada. Mas quando conheci melhor, vi que era um estudo muito importante”, lembra Allan.

O universitário afirma que apesar de cursar Administração, não esquece da paixão que tem pela Química. Por isso, se mantém como pesquisador voluntário do projeto. A participação de Valéria e Allan na 65ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) é custeada pela Seduc.

Supletivo Eletrônico também será apresentado

A Seduc foi convidada para apresentar na 65ª Reunião Anual SBPC o Exame Supletivo Eletrônico, o “Provão”, como é conhecida a prova aplicada a jovens e adultos para fins de conclusão do ensino fundamental ou médio, com o uso de computador.

O Amazonas é pioneiro nesse tipo de prova, e a ideia tem chamado a atenção de outros Estados, conta a gerente de Educação de Jovens e Adultos, Tereza Praia. “Recebemos visitas de outros estados, e alguns já começaram implantar programas similares em suas secretarias de Educação”, afirma a gerente.

O programa utilizado para aplicar as provas eletrônicas (online ou offline) foi desenvolvido pela empresa de Processamento de Dados Amazonas S/A (Prodam), que recebeu prêmios nacionais e internacionais pelo produto, dentre os quais: “Prêmio E-GOV 2011” recebido em Recife na Categoria e-serviços públicos; Prêmio “CONIP 2012”, recebido em São Paulo na categoria Serviços Públicos e Prêmio “TI & Governo 2012/2013”, recebido também em São Paulo na Categoria Serviços públicos.

Sistema de Avaliação Eletrônica, desenvolvido de forma pioneira pela Seduc também será apresentado na reunião nacional da SBPC.

Sistema de Avaliação Eletrônica, desenvolvido de forma pioneira pela Seduc também será apresentado na reunião nacional da SBPC.

O Exame Supletivo Eletrônico foi criado em 2009. Atualmente, uma média de 230 pessoas realiza as provas, diariamente. Conforme registro de atendimento 112.913 candidatos já se cadastraram para participar da prova desde o ano da criação do projeto.

Com o objetivo de ampliar o atendimento, uma vez por mês, a Seduc tem levado a aplicação do provão para laboratórios de escolas localizadas em todas as zonas geográficas de Manaus.

No dia-a-dia, as provas são aplicadas em um laboratório com 34 computadores na sede da Seduc, localizada na avenida Waldomiro Lustoza, 250, no bairro Japiim.

Segundo Tereza Praia, as ações de descentralizar a aplicação do provão iniciaram na gestão do atual secretário de Educação, Rossieli Soares da Silva. “Esse ano, no mês de janeiro, a Seduc realizou uma ação que levou o provão para 70 escolas, 10 em cada Coordenadoria Distrital de Educação. O trabalho alcançou 16 mil pessoas, durante a manhã, tarde e noite”, contou Tereza Praia. O mesmo trabalho tem sido realizado no interior do Estado, disse a gerente.

No provão eletrônico online, o resultado da prova do candidato é processado em tempo real pela Prodam e enviado ao banco de dados da Seduc.

Já no provão eletrônico offline, que é o aplicado no interior, por conta das limitações de Internet, os dados são armazenados e levados até a Prodam, em Manaus, para só então serem inseridos no sistema da Seduc.

Por meio do Exame Supletivo Eletrônico, a Seduc oferece aos candidatos provas para disciplinas do ensino fundamental (do 6º ao 9º ano) e do ensino médio.

Cada prova de uma disciplina contém 20 questões, com três alternativas de resposta cada uma. O candidato tem 50 minutos para realizar o exame e fica sabendo na tela do próprio computador se foi aprovado.

Segundo Tereza Praia, a Seduc prepara novas instalações que permitirão ampliar o laboratório existente na sede da secretaria e construir um novo. “Concluído esse trabalho, cada laboratório terá 61 computadores”, conta a gerente.

Tereza Praia disse que o projeto hoje está consolidado. “Um exemplo é a fase de inscrição dessas ações que realizamos nas escolas em Manaus. As inscrições abrem às 8h e, devido a procura, quase sempre ao meio-dia as vagas estão esgotadas”, disse a gerente. “Para se ter ideia, em janeiro, o site mais acessado na secretaria não foi o da matrícula, foi o do provão”, completou Tereza.

O site na Internet para inscrição e agendamento das provas do Exame Supletivo Eletrônico é examesupletivo.seduc.am.gov.br. De 5 a 9 de agosto, estará aberto o período de inscrição para a realização do exame no Ceti Elisa Bessa Freire, na Zona Leste de Manaus.

SBPC

A SBPC é realizada desde 1948, com a participação de representantes de sociedades científicas, autoridades e gestores do sistema nacional de ciência e tecnologia.

A programação científica da SBPC é, geralmente, composta por conferências, simpósios, mesas-redondas, encontros, sessões especiais, minicursos e sessões de pôsteres.

Acontecem também, durante a Reunião Anual, eventos paralelos, como a SBPC Jovem (programação voltada para estudantes do ensino básico), a ExpoT&C (mostra de ciência e tecnologia) e a SBPC Cultural (apresentação de atividades artísticas regionais e discussões sobre temas relacionados à cultura).

A cada ano, a Reunião Anual da SBPC é realizada em um estado brasileiro, sempre em universidade pública. O evento reúne milhares de pessoas – cientistas, professores e estudantes de todos os níveis, profissionais liberais e visitantes.

Em 2009, a SBPC foi realizada em Manaus e recebeu a inscrição de 6.215 pessoas.