O mês de setembro tem um significado todo especial para os portadores de surdez, ele marca uma intensa “campanha” de promoção da cultura surda, conhecida como “Setembro Azul”, que é realizada em todos os estados do Brasil. No Amazonas, as atividades começaram no dia 9 de setembro e serão concluídas no próximo dia 26 – dia Nacional do Surdo – com uma passeata, que sairá às 7h30 da Praça Heliodoro Balbi (Praça da Polícia), no centro de Manaus.

 

As realizações regionais da campanha “Setembro Azul”, tiveram início na Escola Estadual Augusto Carneiro do Santos, que oferece educação especifica aos portadores de surdez e que no último dia 9 promoveu uma palestra sobre a cultura surda, na qual foram discutidas as possibilidades de fechamento das escolas de surdos brasileiras, a necessidade da educação bilíngue, a inserção dos surdos nas “escolas inclusivas” e demais assuntos de interesse do segmento.

 

No dia 10 de setembro, o ‘Movimento Surdo de Manaus’ com o apoio do Centro de Atendimento ao Surdo (CAS) e da Escola Estadual Augusto Carneiro dos Santos realizou no Parque dos Bilhares, na Av. Constantino Nery, uma mostra da cultura surda, com apresentações de teatro, vídeos e músicas em libras.

 

Conforme os organizadores da campanha, a comunidade surda vem se manifestando desde março de 2011, em defesa das escolas bilíngues para surdos. “As discussões sobre o assunto se intensificaram com o quase fechamento do Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES) no começo do ano, já que esse instituto federal, criado no período monárquico, é referência de educação surda no Brasil, o que geraria uma reação em cadeia, com fechamentos de escolas de surdos em todo o país”, explica a gestora da escola Augusto Carneiro, Haydee dos Santos.

 

Segundo a coordenadora do “Setembro Azul” no Amazonas, Rosana Valéria, o movimento não é contra a inclusão dos alunos nas escolas normais, mas defende que a primeira alfabetização seja feita na linguagem brasileira dos sinais (Libras), e somente depois na língua portuguesa, já que a inclusão não está em se tornar igual e sim em respeitar e valorizar as diferenças.

 

O principal trunfo da mobilização será a divulgação da cultura surda a toda a sociedade, segundo o professor da Escola Augusto Carneiro do Santos, Jachson Vale, de 32 anos que é portador de surdez. “O ser humano tem medo e ideias equivocadas sobre o que não conhece, mas a partir do momento em que a sociedade conhece a nossa linguagem e a cultura, os preconceitos se extinguirão e as dificuldades enfrentadas por nós serão muito menores”, disse o professor, revelando que tem o sonho de que um dia toda a sociedade saiba se comunicar pela linguagem de sinais.

As atividades do ‘Setembro Azul’ contemplaram um seminário sobre o Plano Nacional de Educação, no dia 16 de setembro, e serão concluídas com a ‘Passeata Nacional em Favor da Educação e da Cultura Surda’, no próximo dia 26 de setembro, às 07h30, na Praça Heliodoro Balbi (Praça da Polícia), no centro de Manaus.

 

 

A cor azul representa o “Orgulho Surdo”, porque nos campos de concentração da segunda guerra mundial, os deficientes eram marcados com a cor azul.

 

A escola estadual Augusto Carneiro do Santos, localizada na Av. Joaquim Nabuco, 2274, funciona desde 1982, oferecendo do 1° ao 5° ano do ensino fundamental aos portadores de surdez. A escola pertence à coordenadoria distrital 1 da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) e atende atualmente a 197 alunos.