Escola estadual Daisaku Ikeda utiliza robótica para incentivar estudo da matemática

Protótipos de robôs e maquetes móveis que simulam movimentos são “invenções” que não estão mais distantes da realidade escolar do Amazonas. Em Manaus, por exemplo, a escola estadual Daisaku Ikeda, localizada no bairro Jorge Teixeira 4, tem utilizado a robótica como ferramenta pedagógica, descoberto novos talentos e atraído uma maior atenção dos estudantes para o ensino da matemática.
 
Tudo começou com a ocasião do aniversário de seis anos da escola, comemorado no dia 6 de março, onde cada turma deveria preparar uma apresentação para homenagear a instituição. As turmas de 8º ano, formadas em sua maioria por estudantes de 13 anos de idade, decidiram então, fazer maquetes sobre a estrutura da unidade de ensino, que é uma das maiores da zona leste. Até aí nada demais, cada sala começou a fazer seu trabalho, sob a orientação dos educadores, até que o professor de matemática Moisés Ricardo de Queiroz resolveu inovar, montando com a sua turma uma “maquete-robô”.
 
Para o sucesso do projeto, professor Moisés passou a ministrar aos domingos um curso de noções básicas de robótica, passando assim a montar e dar vida às maquetes e protótipos. O resultado foi um sucesso e o professor, que possui técnico em elétrica e eletrônica, começou a aplicar suas experiências no ensino diário da matemática.
 
“Vivemos em uma época onde a tecnologia além de avançar exponencialmente, está em toda parte, influenciando e mudando as relações e processos sociais. Então, é necessário, torná-la nossa aliada no ensino, não só da matemática, mas por seu caráter multidisciplinar, em todas as outras matérias” explicou professor Moisés.
 
O aluno David Silva da Costa, do 8° ano, não gostava muito de matemática antes de participar do projeto. “Achava os cálculos muito complicados e sem necessidade, agora vendo a aplicação deles, fiquei muito mais interessado”, afirmou David.
 
A robótica educacional também se mostra uma eficiente ferramenta pedagógica na introdução à Física. “No Brasil, os alunos do 6º, 7 ° e 8° ano, ainda não têm Física no componente curricular e os do 9° ano vêem muito pouco dessa disciplina que é tão importante no ensino médio. Por isso as noções de robótica são importantes, para introduzir o aluno mais cedo no meio científico e tecnológico, o que poderia resolver muitos problemas, como a falta de mão de obra especializada, muito comum em nossa região”, frisou professor Moisés.
 
Jovens ‘arquitetos’
 
O projeto acabou revelando novos talentos e revalidando aptidões, como a da aluna do 8° ano, Leilane Marinho, de 13 anos, que sempre teve facilidade em matemática e foi um das “arquitetas” que projetaram a maquete. 
 
“Eu pretendo fazer engenharia mecatrônica, então foi maravilhoso aprender a mexer e a montar os protótipos. Inclusive quem não gostava de exatas acabou descobrindo seu talento ao mexer com os robôs” disse Leilane, que também participa do projeto Casa da Física da Universidade Federal do Amazonas.
 
A sinergia do trabalho em grupo também foi destacada pelos estudantes participantes como um dos principais fatores para o sucesso projeto. “O trabalho em conjunto e a organização ‘no ritmo industrial’ foi essencial para a realização do projeto. Com as etapas e as tarefas de cada um bem definidas foi muito mais fácil e rápido trabalhar” contou Leilane.
 
“Essa valorização do trabalho em equipe é um dos maiores benefícios do ensino da robótica na escola, assim os alunos ficam sabendo que o um é importante, mas não mais que o todo” destacou o professor, frisando que a robótica educacional tem um custo muito baixo, porque a maioria dos materiais utilizados é de sucata.
 
Dando vida ao que iria para o lixo
 
“Para fazer os protótipos, reaproveitamos materiais, tais como: baterias de celular, escovas, peças de computador, dentre outros. Não é preciso ser nenhum expert para montar os protótipos, começamos com experiências simples, que qualquer um, com um pouco de orientação, pode fazer”, explicou o professor.
 
O projeto de robótica educacional ainda precisa se estruturar para continuar, mas enquanto isso, as experiências produzidas, continuam a servir de ferramentas para as aulas de matemáticas e a direção da escola já se disponibilizou a dar todo o suporte necessário para ampliação e implantação continua dele.  “Uma iniciativa tão positiva como essa deve ter prosseguimento, e nós temos o dever de dar todo o apoio” se comprometeu a gestora Irenilce Lasmar.
 
O professor Moisés agradeceu o apoio da direção que disponibilizou a escola no domingo para o curso de robótica e montagem dos protótipos. “No futuro o ideal seria ter uma sala temática de robótica, onde os alunos pudessem fazer as experimentações, isso levaria o nosso ensino a outro nível” disse.