Educadores são capacitados para identificar fatores que podem levar ao suicídio de estudantes e servidores nas escolas estaduais do Amazonas

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Procedimentos que podem auxiliar na identificação de possíveis fatores de risco ao suicídio entre estudantes, professores e servidores foram abordados durante uma formação técnica promovida pela Secretaria de Estado de Educação e Qualidade do Ensino do Amazonas (SEDUC/AM), como parte da campanha “Setembro Amarelo 2018: pela valorização da vida”, cuja programação está sendo realizada desde o início do mês. 

O evento foi realizado no auditório do Centro de Formação Profissional Padre José de Anchieta, localizado na sede da SEDUC, no bairro Japiim 2, Zona Sul de Manaus, e reuniu mais de 200 educadores, representantes de cada uma das sete Coordenadorias Distritais de Educação, responsáveis administrativamente pelas escolas estaduais da capital.

A campanha é uma ação do Programa de Acompanhamento Psicossocial dos Servidores, desenvolvido pela Gerência de Promoção e Valorização do Servidor (Gervs) da SEDUC e tem como objetivo orientar adequadamente os servidores afastados ou não do trabalho, realizando atendimento, acompanhamento psicossocial e interdisciplinar, ações de intervenção, informação, saúde preventiva, visando a melhoria da qualidade de vida pessoal e profissional.

A gerente de Promoção e Valorização do Servidor da SEDUC e coordenadora da campanha, Marilene Remígio, explicou que um dos principais objetivos da ação é criar um plano de prevenção ao suicídio na Secretaria.

“Hoje estamos fazendo a formação para que os educadores tenham conhecimento de qual procedimento devem tomar em relação à suspeita de alguém que esteja pensando em suicídio. Queremos que a Secretaria de Educação tenha um plano de prevenção ao suicídio, que será lançado na campanha do Setembro Amarelo de 2019”, afirmou Remígio.

Prevenção do suicídio

Segundo a psicóloga da Coordenadoria de Educação 4, Janira Silva de Moraes, entre os estudantes, existem alguns fatores que ajudam a identificar e combater possíveis ocorrências de suicídio.

“A demanda chega até nós através dos pedagogos, gestores das escolas, que encaminham os casos que eles supõem que pode haver um risco para o suicídio, como automutilação e uso de álcool e drogas entre os alunos dentro da escola. O que a gente faz efetivamente? Vamos até às escolas, fazemos palestras, rodas de conversa e atendimento emergencial nos casos. Abuso sexual, uso abusivo de álcool e outras drogas, conflitos familiares e bullying. São esses os principais fatores que levam os jovens a cometerem esse tipo de ato”, explicou.

Ainda de acordo com a psicóloga, entre os professores, uma rotina de trabalho exaustiva pode estar entre os fatores que levam o servidor a cometer suicídio.

“Quanto aos professores, acreditamos e têm sido feitos estudos, no sentido de que a jornada muito exaustiva de trabalho, o problema de estarem muito endividados e os problemas de saúde mesmo, podem levar à depressão e em um quadro depressivo muito grave, o suicídio é iminente”, disse Moraes.

Papel do educador

A pedagoga e professora de Ensino Religioso da Escola Estadual José Ribamar da Costa, Francilene Soares, participou da capacitação e segundo ela, o educador, em muitas situações, transmite confiança aos estudantes, podendo ajudá-los a superar problemas.

“Quando a gente é pedagogo ou professor de sala de aula de qualquer disciplina, precisa ter um pouquinho dessa questão do ouvir, de estar presente. Os estudantes veem na gente alguma confiança, algum espelho, eles trazem para nós, em primeiro lugar, às vezes, o problema deles, quando eles vão justificar a ausência de um trabalho, uma falta. Há alunos que nos veem como um suporte, então eles vão direto para ver se há um potencial em receber ajuda de nossa parte. Aí é que vejo a importância de nós, enquanto educadores, estarmos bem, para que a gente seja capaz de agir diante do problema e não apenas reagir contra o problema e não ser capaz de ajudá-los”, disse.